sexta-feira, novembro 25, 2005


   Investigadores Seth Pollak e
   Allison Wismer Fries

É reconhecido que danos psicológicos provocados em crianças podem causar perturbações permanentes no seu comportamento, nomeadamente anxiedade e dificuldades de relacionamento com outras pessoas. Uma investigação recente, observando crianças que iniciaram a sua vida como orfãs abandonadas, revelou a existência de deficiências permanentes nas hormonas relacionadas com as ligações sociais - nomeadamente a oxitocina e a vasopressina.

Os investigadores observaram um grupo de 18 crianças de aproximadamente 4 anos que tinham passado uma média de 16 meses em orfanatos antes de serem adoptadas, comparando-o com ou outro grupo de 21 crianças que tinham crescidocom os pais biológicos. Ambos os grupos participaram em dois cenários: num deles, a criança brincava com um jogo decomputador ao mesmo tempo que interagia com a mãe, durante 30 minutos; no outro cenário, a criança fazia o mesmo com uma mulher que lhe era estranha.

As cenas poderiam parecer iguais para um observador casual mas, no seu interior, os anteriores orfãos reagiram de modo muito diferente. As crianças que cresceram com os pais biológicos experimentaram uma subida dos níveis de oxitocina depois do contacto com as mães, mas não com a pessoa estranha. Isso faz sentido, disse Seth Pollak, um dos investigadores, porque a hormona contribui para baixar o stress. "A proximidade de um dos pais ajuda a que uma jovem criança mantenha o sistema de stress sob controlo". Os anteriores orfãos, por outro lado, não revelaram alterações nos níveis de oxitocina em nenhuma das situações, e também manifestaram baixos níveis de vasopressina em ambos os cenários, o que pode explicar porque é que têm dificuldade em fazer amigos.

Referências à investigação:
|
Science | Winsconsin University | Newsday.com | BBC News |

Artigos relacionados:
| A oxitocina é a hormona da confiança | Oxytocin - Wikipedia |

quarta-feira, novembro 16, 2005

Criatividade


Renee Hopkins Callahan




Citando um estudo de Terence Ketter e outros (Univ. Stanford), Renee Hopkins Callahan escreve no Corante que continua a surgir evidência relacionando a criatividade com a ocorrência de perturbações mentais, nomeadamente a doença bipolar:
«A minha experiência pessoal é a de que existe por vezes uma linha muito estreita a dividir a criatividade e estados mentais que muita gente consideraria como anormais. Esta linha pode ser tão estreita que tudo dependa das manifestações serem positivas ou negativas - se forem positivas, chamam-lhe criatividade; se forem negativas, chamam-lhes perturbações da personalidade (embora também existam manifestações positivas e negativas de traços de criatividade).

«Sempre houve uma ligação entre o comportamente bipolar e a criatividade - o estado maníaco bipolar pode resultar de impulsos positivos (criatividade) ou de impulsos como fazer compras ou praticar sexo (considerados negativamente, embora dependendo do orçamento familiar ou do estatuto/escolha do parceiro ou parceiros!).»
As revelações de Renee Callahan decorrem de um estudo da Universidade de Stanford que detectou que filhos de pais com doença bipolar apresentam maiores índices de criatividade - ler notícia.

Renee Callahan coloca a hipótese de os indivíduos cujos cérebros se encontrem mais disponíveis para receber estímulos do exterior, poderem desenvolver comportamentos:
1. Criativos, dada a sua abertura a novas possibilidades e estímulos, que lhes proporcionam mais e mais informação, permitindo-lhes efectuar mais conexões e desenvolver novas ideias, ou
2. Psicóticos, porque a abertura a novas possibilidades e estímulos sobrecarrega o sistema nervoso e conduz à doença.

Num outro estudo em que Terence Ketter também participou, "Decreased N-Acetylaspartate in Children with Familial Bipolar Disorder" detectou-se, em filhos de pessoas com desordem bipolar, uma diminuição duma substância química (N-Acetilaspartato, considerado como marcador da integridade neuronal) que também ocorre nos doentes com aquela disfunção.

segunda-feira, novembro 14, 2005

Arte e Conhecimento

A Dana Foundation, organização sem fins lucrativos, constituída por cientistas e devotada à divulgação pública dos avanços na investigações sobre o cérebro, publicou o relatório de 2005 "Arts and Cognition" - relatório de progresso sobre as investigações nesta área científica. (ficheiro pdf de 129 páginas, 841 K).
Alguns do assuntos abordados neste relatório são:
  1. Problemas que surgem na juventude
  2. O movimento e problemas relacionados
  3. Danos no sistema nervoso
  4. Neuroética
  5. Problemas neuroimunológicos
  6. Dor
  7. Problemas psiquiátricos, comportamentais e de dependência
  8. Problemas dos sentidos e do funcionamento corporal
  9. Células estaminais e neurogénese
  10. Problemas do pensamento e da memória
Entre os membros da Dana Foundation encontram-se os investigadores António e Hanna Damásio

«O relatório de progresso de 2005 sobre a investigação do cérebro apresenta uma visão de algumas das áreas mais desafiadoras da investigação médica: por exemplo, as causas do autismo, a doença de Parkinson, danos no sistema nervoso, dor e investigação em células estaminais. Um ensaio acerca das "artes e conhecimento" explora a ideia de que a educação artística pode ajudar a aprendizagem em outras áreas. Uma extensiva lista de referências é disponibilizada, juntamente com informações acerca da Dana Foundation e dos seus membros.»


Entre as iniciativas da "Dana Foundation" encontra-se a Brainy Kids (à qual pertence imagem ao lado) que apresenta online diversa informação científica para os mais novos, de uma forma divertida, incluindo jogos, experiências, etç.

Encontro Neurociência 2005


Está a decorrer, entre os dias 12 e 16 do corrente mês, o 35º Encontro Anual da "Society for Neuroscience", em Washington.

Cerca de 30 mil cientistas de too o mundo participarão no evento, onde serão feitas 17 mil apresentações, incluindo 14 comunicações especiais, 28 simpósios e 27 mini-simpósios, abrangendo áreas de investigação que vão desde o nível molecular até ao comprtamento humano.

sexta-feira, novembro 04, 2005

Neurociência

A última edição da Science é dedicada ao cérebro e aos programas de investigação associados: "Brain Development". Eis alguns dos temas tratados, com link para os artigos de acesso livre:

  • Neurology in the Lab, and at Patients' Bedsides [link]
  • Investigating the Neural and Vascular Consequences of Stroke [link]
  • Funding Opportunities in Neuroscience [link]
  • Neuroscience Careers: Two Neuroscientists [link]
  • Getting Wired - Pathway of a Neuroscientist [link]
  • The Biology of Memory [link]
  • Careers in Neuroscience Research [link]
  • Pedagogy Meets Neuroscience (editorial)
  • Neuroscience: Systems-Level Brain Development
  • Friendly Faces and Unusual Minds
  • Patterning and Plasticity of the Cerebral Cortex
  • Map Plasticity in Somatosensory Cortex
  • Language Acquisition and Brain Development
  • Sex Differences in the Brain: Implications for Explaining Autism
  • The Role of Working Memory and Selective Attention in Cognitive Aging