"Neuroeconomics and the metastable brain" (pdf)
Oullier O, Kelso JA. Trends in Cognitive ScienceS. 2006 Aug;10(8):353-4.
«Num recente artigo Sanfey e outros sugerem que a Neuroeconomia deve apoiar-se na "perspectiva unitária" da Economia e na "abordagem de sistemas múltiplos" da Neurociência para desafiar as teorias clássicas da tomada de decisão apoiadas na racionalidade. Eles defendem a noção de que as ideias da Economia poderão fornecer luz a um dos grandes enigmas da neurociência - como é que são coordenadas as diferentes zonas do cérebro para produzir um comportamento dirigido a objectivos. Numa tentativa de ultrapassar a separação conceptual entre dois campos tão dispares, Sanfey e os seus colegas propõem uma analogia entre o modus operandi do cérebro e uma corporação. Ambos são apresentados como sistemas governados por um controlo executivo que interage com agentes especializados mais ou menos independentes, que transformam input em output.»
Uma abordagem alternativa para este modelo puramente hierárquico é a 'coordination dynamics'. Inspirada em princípios de auto-organização especialmente concebidos para as necessidades das funções cognitivas e funcionamento do cérebro, a 'coordination dynamics' propões que os estados da mente, manifestados como padrões de coordenação no cérebro, nascem espontaneamente de acoplamentos não lineares entre os componentes em interacção. Quais os padrões que se criam, depende da sua estabilidade sob certos contrangimentos. À medida que as circunstâncias mudam, um padrão pode perder estabilidade e um outro pode emergir espontanemente, porque se adapta melhor às necessidads do momento. Esta tomada de decisão e a selecção de padrões dependentes do contexto têm sido observadas e modelizadas aos níveis comportamental e cerebral.
Um aspecto inovador da coordination dynamics é o de que, para além de onde ocorrem os estados de coordenação estáveis, existe um regime "meta-estável" mais subtil. A meta-estabilidade - 'um novo princípio do funcionamento cerebral'- é caracterizado por tendências parcialmente coordenadas nas quais os elementos de coordenação individual não são, nem completamente independentes (segregação local) nem totalmente ligados numa relação mútua fixa (integração global). [...] A dinâmica de coordenação meta-estável parece estar a ganhar aceitação na comunidade neurocientífica, de acordo com o crescente número de sínteses que tem proporcionado. Como quadro conceptual para a tomada de decisão espontânea que respeita ambas as dinâmicas do cérebro e da economia, sugerimos que a meta-estabilidade é um complemento útil para o modelo hierárquico proposto por Sanfey, podendo esperar-se que se torne num activo participante no desenvolvimento do camplo transdisciplinar da Neuroeconomia.»
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