segunda-feira, dezembro 18, 2006

Iodo

«Valentina Sivryukova [Directora do Departamento do Desenvolvimento Social, Kasaquistão] percebeu que o seu programa de saúde pública estava a atingir resultados quando tomou conhecimento de como é que um estudante do Kazaquistão chamou estúpido a outro: "Qual é o teu problema - falta de iodo, ou quê?" ["What are you, iodine-deficient or something?"]

Acho que vou começar a usar este insulto!

Eu sabia que a certa altura o iodo era adicionado ao sal por qualquer motivo de saúde pública, mas nunca soube exactamente qual. Parece que a insuficiência de iodo pode provocar uma quantidade de problemas desagradáveis. Existem estudos que provam que a deficiência de iodo é a principal causa — entre as que são susceptíveis de prevenção — de atraso mental. Mesmo uma deficiência ligeira, especialmente em mulheres grávidas e crianças, faz baixar o nível de inteligência entre 10 a 15 pontos do I.Q.»

Iodine Deficiency

O Homem Moral

     «Enquanto o seu fundador escocês, Adam Smith, analisou a sociedade dando especial atenção à natureza humana - e particularmente aos sentimentos morais - a Economia virou as costas (em parte para facilitar a utilização de modelos) aos seres humanos reais, e considerou um universo de 'agentes' abstractos, racionais, egoístas e maximizadores. O Homo Sapiens deu lugar ao Homo Economicus.
     Mas actualmente a Teoria da Decisão está a fazer uma inflexão cognitiva, através do que tem sido designado como 'Neuroeconomia'. Estes investigadores estão a demonstrar o que a teoria evolucionista conjecturou já há algum tempo: que o homem é em parte um animal moral; a sua racionalidade não é a da modelização abstracta; é constituída por um conjunto de heurístícas limitadas, ecologicamente especializadas e, por vezes, isoladas do resto da actividade cognitiva. Muitas heurísticas deste tipo, particularmente no domínio moral, tomam a forma de intuições 'difíceis-de-justificar' e 'impossíveis-de-ignorar'. Não procuram maximizar apenas a sua própria utilidade. À medida que os fundamentos neurais dos homens económicos reais são reveladas pela Economia experimental, em colaboração estreita com a Neurociência, a Antropologia também se junta a esta investigação para completar o quadro com assumpções universalmente válidas. Juntas, estas abordagens prometem reconciliar o Homem Económico com a sua contrapartida biológica e cultural.»

in AlphaPsy

segunda-feira, dezembro 04, 2006

"É a genética, estúpido"

     Imoso, o macho de mais "alta patente" da comunidade Kanyawara, no Parque Nacional de Kibale, no Uganda, é um dos exemplos que está a agitar a comunidade dos humanos com a sua "preferência revelada" por acasalar com fémeas mais velhas. Tratando-se da espécie mais próxima, em termos evolutivos, dos humanos, os cientistas colocam agora a hipótese de que a preferência destes últimos por parceiros mais novos seja um "fenómeno recente" em termos evolutivos - veja-se o artigo na revista Current Biology. A explicação para adiscrepância estaria no facto dos humanos estabelecerem relações de longa duração - ao contrário dos chimpanzés. "Amarrados" a uma companhia durante muito tempo, viram-se para gente mais nova...
     Mas este facto também pode servir para lançar alguma luz sobre a natureza de story telling de muita da "ciência" evolutiva actual (e que muitos economistas andam a copiar). Tendo detectado essa tendência dos humanos para acasalar com parceiros mais novos, logo os cientistas concluiram que esse comportamento tinha sido, "evidentemente", seleccionado pelas leis da evolução: parceiros mais novos apresentariam maiores hipóteses reprodutivas, logo a genética valorizou esta opção.
     Num refinamento deste raciocínio, também se concluiu que a preferência dos homens por mulheres com determinadas "medidas" (o famoso rácio cintura/ancas de 0,7 que vem desde a Venus de Milo até Selma Hayek) nada mais seria do que a "preferência (involuntariamente) revelada" dos homens por espécimenes mais jovens e saudáveis, atributos traduzidos nesses indicadores somáticos. Parafraseando o outro: "É a genética, estúpido".
     Como nunca ninguém viu (nem poderia ver) a genética a incorporar este comportamento nos humanos, a hipótese só pode ser especulativa, e não-falsificável.
     Veja-se, como exemplos desta especulação, o recente artigo de Fisher e Voracek, "The shape of beauty: determinants of female physical attractiveness", que analisaram não só o rácio, mas igualmente o efeito de "curvatura". Igualmente interessante é o seu artigo "Success Is All in the Measures: Androgenousness, Curvaceousness, and Starring Frequencies in Adult Media Actresses", que avaliou o efeito de algumas das medidas na excitação masculina.
[encontrei a referência a este tema no blog Mahalanobis.]